segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ícones Americanos: Dodge Viper

 
    Em 1987, dois anos antes da aparição do NAIAS (North American International Auto Show in Detroit, o nome do Salão de Detroit), surgiu um esboço de um roadster com um motor enorme no Estúdio de Desenho Avançado da Chrysler. Em fevereiro do ano seguinte, o então presidente da empresa, Bob Lutz, sugere para Tom Gale, vice-presidente de desenho, uma versão moderna do Shelby Cobra. Um modelo em clay (uma espécie de argila em que os fabricantes moldam o futuro carro, para aprovação, ou não, do desenho) fica pronto no final daquele ano. Em janeiro, o Viper (víbora, em inglês) aparece no NAIAS, surpreendendo o público e as outras marcas.


    Dois meses depois do Salão, de tantas cartas que a empresa recebeu pedindo a produção do Viper, é formado o Team Viper, uma equipe de 85 engenheiros, para o desenvolvimento do carro. Então, a Lamborghini (a Chrysler era dona da marca) é contatada para adaptar um motor V10 para uma futura picape no esportivo. Ainda em 1989, a carroceria final é definida, com muitas alterações, mas sem perder as linhas agressivas, e, provisoriamente, uma unidade começou a rodar com um motor V8. O motor V10 só começaria a ser testado no ano seguinte. Em maio de 1990, o novo presidente da Chrysler, Lee Iacocca, pilota uma unidade de testes e aprova a produção. Um ano depois, Carrol Shelby dirige uma unidade em Indianópolis, aprovando o sucessor do seu clássico. Em novembro daquele ano, 3 meses antes de chegar às ruas, jornalistas têm o primeiro contato com o carro. No mesmo Salão de Detroit de 1992, o Viper é lançado.


    O primeiro Viper vinha na carroceria roadster, na versão R/T 10 (Road and Track, estrada e pista, em inglês, enquanto o 10 representa o número de cilindros). O motor era um 8.0 V10, originalmente feito para picapes grandes. Na adaptação ao Viper, o material utilizado foi o alumínio, no lugar do ferro fundido. Produzindo 400 cv e 62,2 kgfm, acoplado a um câmbio manual de 6 velocidades, chegava aos 265 km/h, um dos carros mais rápidos do mundo na época. As rodas eram de três raios nessa primeira versão, e, assim como as saídas de escape na lateral, identificam a versão. Possuía acabamento extremamente espartano: sem capota (a "capota" era uma lona, que ligava parabrisa e uma barra colocada atrás dos bancos), vidros laterais (na verdade, possuia cortinas plásticas, como em alguns jipes) ou ar-condicionado, mas pelo menos possuía rádio AM/FM/Cassete. Uma curiosidade: pela legislação americana, o carro tinha travas internas, mas, por não ter maçanetas externas, o carro tinha que ser aberto por dentro...


    Em 1993, no mesmo Salão de Detroit, a marca apresentava o cupê GTS, mas que só chegaria às lojas 3 anos depois, em 1996. Ainda esse ano, o roadster ganhava, opcionalmente, um teto rígido removível. Até então, todos os Vipers produzidos eram vermelhos, coisa que mudou ainda em 1993, quando o Viper poderia vir na cor preta, uma das únicas novidades do carro naquele ano, além do teto rígido.


    Em 1994, o carro recebia pequenos detalhes no interior, o rádio era melhorado, embora continuasse AM/FM/Cassete, e as cores amarelo e verde-esmeralda eram integradas ao catálogo. Em 1995, ano final da primeira geração, o Viper não recebia nenhuma alteração.


    Em 1996, considerado o início da segunda geração, não houveram muitas alterações no Viper roadster. Cores foram adicionadas ao catálogo, como branco, e pacotes de faixas que percorrem o carro inteiro começavam a ser oferecidos. No lugar das rodas de 3 raios, entravam outras de 5 raios, também feitas de alumínio e de aro 17". A grande novidade desse ano era o lançamento da versão cupê, nomeada GTS. O motor continuava o mesmo, mas ganhava mais potência: no RT/10, passava a gerar 420 cv e 67,5 kgfm, enquanto o GTS, por causa da saída de escape atrás do carro, e não na lateral, gera 456 cv, e o mesmo torque de 67,5 kgfm.


    Com o lançamento da versão GTS, a Chrysler contatou o time de corrida francês Team Oreca para fazer com que o Viper entrasse nas corridas da categoria GT2. O carro que nasce dessa parceria era pintado nas cores das bandeiras dos EUA e da França, vermelho, branco e azul. O fundo era branco, e havia faixas pintadas assimetricamente nas cores azul e vermelho. O motor poderia gerar 709 cv, mas o regulamento só permitia carros com até 466 cv e 69 kgfm (ou seja, apenas 10 cv e 1,3 kgfm a mais que o Viper normal...). O Viper GTS-R participou das corridas de 1997 à 2002, sendo que ganhou na categoria 24 Horas de Le Mans de 1998 à 2000. Nos anos seguintes, até 2002, não houve alterações no Viper, somente ganhava ou perdia algumas opções de cores.


    Com a popularidade que ganhou nas pistas, o Viper começou a ser vendidos em outros mercados, como a Europa. Apesar do gosto bem diferente de europeus e americanos, o Viper exportado para a Europa era o mesmo vendido nos EUA. O Viper começava a ganhar as revistas e a televisão, e a internet também o ajudava. Logo, apareciam vários Vipers preparados pelos EUA com mais de 1000 cv. Mas o seu sucesso mesmo era nas pistas, e a concorrência começava se mecher. A Ford e a GM melhoravam cada vez mais o Mustang e o Corvette, para poderem competir com o Viper. Então, a marca anunciou para 2003 um carro totalmente novo para substituir o Dodge Viper.


    Em 2003, baseado nos conceitos GTS-R, de 2000, e RT/10 Concept, de 2001, a Dodge apresenta a nova geração do Dodge Viper, obviamente no NAIAS. Inicialmente foi só vendido na versão conversível, como seu antecessor. Com o nome de SRT-10 (Street and Racing Technology, tecnologia de rua e corrida, e o 10 representando o número de cilindros), a nova geração vem com o mesmo motor, melhorado. Foi para 508 cv e 72,5 kgfm, e também cresceu para 8.3 l, o maior motor de um carro de produção até então. Desde o conceito que deu origem ao Viper, é o primeiro conversível sem o arco de proteção na traseira. O capô ficou mais simples, separando-o dos paralamas, que na geração anterior subiam junto ao abrir o capô. As rodas continuam a ser de alumínio, mas as da frente eram de 18", e as traseiras, aro 19".


    A única versão cupê disponível era a Competition Coupe, uma versão homologada para as pistas, mas não para as ruas. Mais parecido com o conceito GTS-R, o carro vem com 20 cv a mais e cerca de 2 kgfm de torque a mais no motor, pneus slick aro 18", estrutura interna de proteção aos padrões da FIA, distribuição eletrônica de frenagem (EBD), radiador para o diferencial e amortecedores e estabilizador traseiro ajustáveis. A marca promete máxima de 296 km/h, 0 a 96 km/h (ou 60 mph) em 3,8 s e atingir 1,25 de força G lateral. Além do motor, o baixo peso de 1380 kg contribui para as marcas.


    Em 2006, chegava a versão cupê de produção (nomeada SRT-10 Coupe), mas com aproximadamente 518 cv embaixo do capô. Não havia muitas diferenças visuais entre as carrocerias roadster e cupê, além, obviamente, do teto removível no roadster e das lanternas traseiras. Curiosamente, os todos os Dodge Viper de 2007 são modelo 2006, porque a Chrysler estava ocupada preparando o modelo 2008.


    Foi boa a espera pelo Viper de 2008, considerada a 4ª geração. Apesar de o desenho ter continuado o mesmo, o motor cresceu (passou para 8.4), e a potência também: passou para impressionantes 600 cv. Ainda nesse ano, foi apresentada a versão ACR (American Club Race, na foto), um carro para as pistas homologado para andar nas ruas. Manteve o motor e a potência, mas por ser mais leve, tem um desempenho melhor que o SRT-10.


    Em 2009, uma má notícia surgiu para os fãs desse carro: ele sairia de linha no ano seguinte. A partir daí, surgiram várias séries especiais, e as vendas aumentaram e se mantiveram boas (embora o motivo dele sair de linha fosse justamente as más vendas, de acordo com a Fiat, que passou a mandar no grupo Chrysler). Vejam algumas delas:


    Viper ACR 1:33: Lançada no NAIAS de 2010, seu nome é uma alusão ao tempo feito pelo carro no Cicuito de Laguna Seca. Só vinha nas cores vermelho e preto, com um enorme aerofólio, e apenas 33 unidades foram fabricadas.

    Viper ACR-X Special 2010: uma versão ainda mais apimentada do ACR, mas com 40 cv a mais (total de 640 cv) e 73 kg a menos, mas apenas homologado para as pistas.


    Viper "Dealer Exclusive Program": foram 50 unidades em que cada concessionária escolheu como seria seu Viper exclusivo. Na foto, os Vipers das concessionárias Woodhouse Dodge, de Blair, Nebraska, na cor amarela, Tomball Dodge, do Texas, pintada em verde, e Roanoke Dodge, de Roanoke, Illinois.


    Viper Final Edition: a última edição especial do Viper, como o nome diz, só teve também 50 unidades fabricadas: 20 Coupes, 18 Roadsters e 12 ACRs. Todas na cor Graphite Clear Coat, com uma faixa negra central com extremidades vermelhas, e com 600 cv.


    A última unidade produzida saiu da fábrica dia 2 de julho de 2010, totalmente personalizada, na cor dourada com faixas em um dourado pouco mais escuro. Esse Viper faz parte da maior coleção de Vipers (mais de 40) do mundo, mantida pelo casal D’Ann Rauh e Wayne (o casal que está à direita na foto), no Texas.


    Mas não foi o fim do Viper. Um novo logo foi apresentado (foto), e muito se fala da 5ª geração. Ele voltará entre o final desse ano e 2013, ninguém sabe. Terá um visual novo e bastante tecnologia, apesar dos puristas não gostarem (quem sabe um botão que desative as assistências eletrônicas?). O visual já foi apresentado para algumas poucas pessoas, e todos aprovaram. Terá um V10, mas mais moderno e mais potente. Um V8 pode ser utilizado em versões de entrada. Há muitas especulações, de relação do Viper com os carros da Ferrari e da Alfa Romeo, mas teremos que esperar mais para saber como será o novo Viper.


    Apesar de ter durado pouco tempo em relação aos outros ícones americanos, ou não ter ganhado títulos importantes, como o GT40, o Viper é um ícone americano. Um dos poucos que pode ter esse título. Apenas espero que ele continue como um ícone americano em sua 5ª geração. Mas eu acho que sim. Afinal, outros ícones sobreviveram, caretas, mas sobreviveram, à crise do petróleo, por exemplo. Por que o Viper não sobreviveria também?
    Esse é o último texto da série Ícones Americanos. Espero que tenham gostado e aprendido um pouco da história desses carros, como eu. A próxima série será sobre ícones brasileiros, mas não decidi o nome da série ainda. E nem os carros. E haverá um diferencial em relação ao Ícones Americanos: os textos serão divididos em partes, se forem muito longos. Apenas porque eu terei menos tempo para escrever, pois entrei num colégio técnico (lembram aquele tempo que fiquei sem escrever para estudar?) e terei apenas a noite em casa, e ficarei cansado. Mas o blog não irá parar. Não sei quantos textos serão sobre os brasileiros, mas posso parar por um tempo, para fazer uma outra série (máquinas alemãs, inglesas ou italianas, por exemplo), e voltar aos brasileiros.
    Até a próxima!
    
 Fontes: 
Texto:
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Fotos:
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