domingo, 24 de abril de 2011

Ícones Americanos: Plymouth Barracuda

 
    No começo de abril de 1964, era lançado um cupê fastback compacto (para os padrões americanos) chamado Plymouth Panda. Ok, isso não aconteceu, mas se os desenhistas da Chrysler não tivessem convencido os executivos da marca a mudar o nome do carro, a história seria essa mesma. Felizmente, o nome do cupê foi mudado para Plymouth Barracuda, o nome de um peixe grande e agressivo. Ele era baseado em um sedã da marca, o Valiant. A frente, estranha, era a mesma do sedã, com uma grade em forma de trapézio e quatro faróis. Possuía uma grande área envidraçada, com destaque para o enorme e envolvente vidro traseiro, enquanto na traseira as lanternas ficavam na vertical. Tinha um bom espaço interno, suficiente para 5 pessoas, e um bom porta-malas. A lista de opcionais era grande, que incluía vários itens como calotas esportivas, várias opções de cores para os bancos, volante com acabamento que imitava madeira, dentre outros.


    O motor básico da linha era um 6 cilindros em linha, de 170 pol³ (2.8 l), com carburador invertido Holley, que produzia 102 cv e 21,4 kgfm (esses valores são em valores brutos, adotado até 1971; valores brutos são maiores que os valores líquidos, usados atualmente, devido às normas de aferição desses valores). Ainda havia outra opção de motor, também um 6 cilindros em linha, o Slant Six, de 225 pol³ (3.7 l), que gerava 147 cv e 29,7 kgfm. Ambos os motores podiam vir com câmbio manual ou automático Torque-Flite, sendo que as duas opções tinham 3 marchas e alavanca na coluna. O Barracuda tinha tração traseira e diferencial autoblocante. Equipado com pneus radiais, ele chegava aos 155 km/h com o motor 170, e aos 165 com o 225.


    Apesar de ter sido lançado 2 semanas antes do Mustang, um de seus principais concorrentes e que seguia o mesmo estilo, o Barracuda ficou envelhecido após o lançamento do Mustang, que fez um sucesso instantâneo e foi considerado o criador da categoria. Mesmo assim, sempre haverá uma discussão de quem a criou, ainda mais se incluírmos o GTO na história... Com isso, a Plymouth não perdeu tempo e logo no ano seguinte passou a oferecer mais duas opções de motores, bem mais interessantes. O primeiro era um 273 (4.5 l) V8 com carburador de corpo duplo, 180 cv e 35,9 kgfm. Neste caso, o câmbio passava a ser um de 4 marchas, instalado no assoalho, e chegava aos 175 km/h. A outra opção era o mesmo motor 273, mas com o kit Commando, que equipava o Barracuda com um carburador de corpo quádruplo. Assim, o V8 passava a gerar 238 cv. Com o kit Commando e com um pacote chamado Formula S, que acrescia ao carro uma suspensão mais firme, novas rodas, pneus mais largos e outras coisas ao carro, ele chegava aos 190 km/h, e fazia de 0 a 100 em 9 s.


    Em 1966, o carro teve poucas mudanças, como pequenos retoques na carroceria, como a perda de 2 de seus faróis, e a troca de seus emblemas, onde saíram os do Valiant e entraram emblemas que representavam o peixe que lhe emprestava o nome (imagina se o nome do carro tivesse sido Panda, com uns emblemas de panda num carro esportivo...).


    No ano de 1967, o Barracuda teve novas mudanças, se distanciando cada vez mais do Valiant. Na dianteira, grade dividida no meio e faróis retangulares de longo alcance, no lugar dos dois faróis que o Barracuda perdera no ano anterior, enquanto a traseira ganhava novas lanternas e nova tampa do porta-malas, com opção de acabamento que imitava aço escovado. Passava a ser oferecido em 3 tipos de carroceria: fastback (a única até então, mas que perdera o vidro traseiro envolvente), cupê hardtop e conversível. O motor 170 saiu de linha, mas o 225 e o 273, tanto com carburador duplo e quádruplo, permaneciam em linha. A novidade daquele ano era o motor 383 (6.3 l). Disponível apenas com o pacote Formula S, ele produzia 300 cv e 55,3 kgfm, suficiente para levar o Barracuda de 0 a 100 em 7 s. O pacote Formula S, tanto com o motor 273 quanto com o 383, estavam disponíveis com câmbio manual de 4 marchas ou automático de 3. No caso do motor mais forte, o pacote incluia discos de freio dianteiro ventilados, rodas de alumínio, faixas na lateral e falsas entradas de ar cromadas no capô.


    Em 1968, o motor 273 era substituído pelo 318 (5.2 l), o mesmo V8 utilizado nos Dodge brasileiros, que, com carburador de corpo duplo, gerava 230 cv e 47 kgfm. Outro motor que entrava em linha naquele ano era o 340, com carburador quádruplo, 275 cv e 47 kgfm. Ainda nesse ano, entre 50 e 75 unidades do Barracuda foram produzidos com o famoso V8 426 Hemi, com câmaras de combustão hemisféricas. Com 7 l, 425 cv (isso de acordo com a marca, pois muitos acham que a potência era maior) e 56,7 kgfm, esses Barracudas só podiam ser utilizados em pistas. No ano seguinte, o 383 ganhava 30 cv, e o Barracuda ganhava outro motor que o deixava ilegal para uso nas ruas: o 440 Super Commando, um V8 de 7.2 l de 390 cv, que levava o carro aos 100 km/h em 6,2 s. Foi o maior motor que já equipou muscles e pony cars originalmente.


    Em 1970, o Barracuda recebeu novas mudanças, deixando-o sem nenhum vínculo com o Valiant e mais parecido com o seu primo Challenger. O carro perdia a versão fastback (restando somente a cupê, esta sem a coluna central, e a conversível), mas ficou mais bonito, com dois faróis circulares na dianteira, com outros dois faróis auxiliares abaixo do parachoque, e novas lanternas. O interior também era novo, com um volante de tamanho mais adequado, novos mostradores circulares e novos bancos, embora o espaço traseiro fosse pequeno. Também ganhou itens de conforto, como ar-condicionado, vidros elétricos e direção assistida, todos itens de série.


      O carro passava a ser vendido em 3 versões diferentes: Barracuda, Gran Coupe (mais luxuosa) e 'Cuda (versões mais potentes). Haviam oito opções de motores: duas 6 em linha, os chamados Slant Six, e seis V8. Dentre os Slant Six, estavam o 198 (3.2 l) e o 225. Já os V8 eram o 318, o 340, o 383 (esse, com 290 cv com carburador duplo ou 330 cv com Super Commando, nas versões Barracuda e Gran Coupe, e 330 cv no 'Cuda; embora alguns digam ser 335 cv), o 440 (este com carburador quádruplo ou 3 carburadores duplos, o Six Pack) e o 426 Hemi. No caso dos 'Cuda, eles recebiam um visual mais esportivo, com teto revestido em vinil, entrada de ar em preto fosco no capô, quatro tipos de rodas esportivas e uma faixa na lateral em forma de L. Um dos destaques eram as cores bem chamativas, como, por exemplo, a Vitamin-C (laranja), In-Violet (roxo) e Moulin Rouge (vermelho), dentre outras. Dentre os opcionais, estavam o shaker hood (apenas para as versões V8), onde uma parte do capô se move junto com o motor.


    Em homenagem à entrada nas pistas do Barracuda em 1970, a Plymouth criou uma versão chamada 'Cuda AAR (All-American Racers; na foto), disponível apenas com o motor 340 Six Pack. Também nesse ano o carro passava por outro facelift, onde ganhou mais dois faróis circulares, novas lanternas, nova faixa lateral e, nas versões mais potentes ('Cuda e 'Cuda AAR), ganhou grade dividida em 6 vãos e entrada de ar maior no capô. Mas a crise do petróleo se aproximava, e o chumbo tetraetila era retirado da gasolina, obrigando as montadoras a diminuir a taxa de compressão de seus motores. Com isso, a potência de todos os motores do Barracuda caíram. O 426 Hemi, por exemplo, passou a ter 350 cv, brutos. O motor 440 com carburador quádruplo não estava mais disponível.


    Em 1972, o Barracuda perdeu os faróis que ganhara no ano anterior, ganhou uma nova grade e novas rodas, as faixas laterais eram trocadas por outra, e o parachoque crescia devido às normas de segurança. Com a crise do petróleo ainda mais perto, pressão das seguradoras e diversos outros fatores, os carros iam perdendo cada vez mais a esportividade. Em 1972, os únicos motores disponíveis eram o 225, o 318 e o 340, e o carro também perdia alguns itens em seu interior. Para piorar a situação, a potência passou a ser medida no padrão atual, com valores líquidos, fazendo com que a perda de potência dos motores devido às novas normas foram ainda maiores. O motor mais potente da linha, por exemplo, passou a gerar 240 cv.


    No ano seguinte, auge da crise do petróleo, nem o 225 estava mais disponível. A cada ano que passava, com novas normas, a potência caía e o peso aumentava. As vendas foram ficando cada vez menores. Nem a troca do motor 340 por um 360 em 1974 ajudou. Exatos 10 anos depois do início da produção do Barracuda, ele saiu de linha em 1° de abril de 1974 (infelizmente, não foi pegadinha do dia da mentira).


    Infelizmente, o Barracuda foi um dos muitos esportivos americanos que morreram com a crise do petróleo. Ele é um dos mais valorizados muscle atualmente: um modelo conversível de 1971, equipado com motor Hemi, recentemente foi vendido por 2 milhões de dólares, pois apenas 11 unidades foram fabricadas. Com certeza, um dos muscle e pony cars mais queridos da história. Um verdadeiro Ícone Americano.
    Até a próxima!


Fontes:
-Texto: Best Cars Web Site - Wikipedia

-Imagens: Best Cars Web Site - Muscle Car Club - Autogaleria.hu

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